Sobre um lugar que faz falta

Quando alguém me pergunta qual é o meu país favorito de todos os que eu já visitei, eu certamente não sei a resposta. Acho impossível comparar lugares tão diferentes e escolher um único favorito, mas cada vez que eu ouço essa pergunta, confesso que o Camboja é um dos lugares que aparece na minha lembrança. Não que ele seja o meu favorito, mas é um dos lugares onde eu realmente me senti bem recebida, onde eu conheci pessoas e lugares inesquecíveis e principalmente: onde eu senti que entrei em sintonia com tudo o que estava acontecendo na minha volta e dentro de mim.

Eu não saberia dizer onde exatamente reside todo esse encantamento. Talvez na gentileza do povo Khmer, no passado sofrido e no presente humilde, ou em todos os lugares que além de exóticos, também parecem místicos. Ou talvez seja no futuro incerto que esse país tem, que dá aquela sensação de que é preciso viver agora, aproveitar agora, olhar tudo, ver tudo, observar tudo, tocar e sentir o máximo possível porque a qualquer hora tudo pode desaparecer. Quase como um daqueles romances inseguros, que mesmo sabendo que tudo pode mudar de uma hora pra outra e virar nada ou virar algo completamente diferente, vamos a fundo, passionais, aproveitar o momento e toda a magia envolvida nele.

Eu gostei da simplicidade, da falta de barreiras, dos improvisos, de ter “descoberto” dezenas de novas funções para objetos que antes pareciam sem utilidade, da maneira rápida de solucionar problemas e da capacidade admirável de ver poucas coisas – mesmo – como um problema.

Eu gostei das atividades que eram propostas de maneira simples e quase primitiva, da inocência e da curiosidade pura e sincera das pessoas, dos sorrisos e do carinho que, segundo o moço que dirigia o tuk tuk me disse (e eu não poderia concordar mais), “vem do coração”.

Camboja é um país cativante e o meu único arrependimento foi o de não ter passado mais tempo na terra do rei bailarino. E mesmo que eu saiba e tenha consciência de todos os problemas e fatores negativos que existem no país, sou grata pela experiência de ter sido capaz de sentir; mesmo que muitas vezes tenha sido dolorido aos meus olhos, aos meus ouvidos e ao meu coração. Se foi isso que me fez sentir mais viva, foi porque no Camboja eu encontrei muito mais do que eu fui buscar.


17 comentários sobre “Sobre um lugar que faz falta

  1. Eu já senti isso em alguns lugares, mas devido à surpresa. Geralmente, por não sabermos muito sobre algum lugar, dizemos ou pensamos qualquer coisa pra fazer de conta que sabemos algo.

    Chegamos lá e tomamos um susto. Tudo era diferente. A pobreza passa a ser uma dificuldade para nós, não para os nativos. Afinal, ricos ou pobres, todos morrem. Nos acostumamos a desejar viver e morrer bem; eles, por outro lado, se acostumaram a viver e morrer de qualquer jeito, com certeza.

    As pessoas são diferentes, todos unidos por algum por-do-sol aconchegante. Inclusive, acabamos contando a pessoas que falam uma língua totalmente estranha o que não contaríamos às nossas mães.

    Beijos, guria! 😀

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  2. Acho que acabamos gostando de coisas muito diferentes da nossa realidade e que nos trazem de volta para um mundo mais simples quando o mundo atual est’a uma loucura com coisas tecnológicas e inovações que nem sempre são coisas boas. Sua descrição do lugar me deu vontade de visita-lo, e não só esse post, mas outros que vc falou sobre o Camboja tb.
    Bjs!

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  3. Viajar é mesmo incrível. Adorei o seu texto, porque através dele pude sentir um pouco do que você viu por lá e ter uma ideia do lugar. Entrar em contato com outras culturas realmente nos enriquece demais, dá vontade de colocar uma mochila nas costas e ir desbravando o mundo haha.
    Fiz um blog recentemente, confesso que ainda nem me adaptei a plataforma do wordpress haha, mas caso queira olhar, aqui: quedasetropecos.wordpress.com.
    Eu com certeza vou acompanhar o seu! Beijos.

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