Para um amor que não seguiu viagem

Acabou. Sem aviso prévio, sem sinal, sem perguntas, sem nenhuma despedida. Apenas acabou. Eu decidi seguir essa viagem sozinha e aqui estou, dentro deste trem, observando o mundo passar pela minha janela e tentando não ser nostálgica ao ponto de esquecer da paisagem que vejo agora e só lembrar dos dias que viajamos juntos e das tantas vezes que decidimos descer do trem e admirar a paisagem do lado de fora da janela.

Eu não quero contar o tempo, nem sugerir se foi muito ou pouco, nem pensar que a leveza dos encontros que tivemos por este trajeto superaram as incertezas das esperas. Agora acabou e se eu olho lá pra frente, vejo que ainda há uma distância enorme de trilhos que me separam de um suposto destino que parece ser onde eu devo chegar. A distância que me falta parece ser maior do que a dos trilhos que já passaram e eu apenas espero e confio nessa trajetória e sei que por mais que possa demorar, o caminho muda e um dia eu chego.

De você, eu não sei. Talvez tenha mudado de trem, talvez tenha só trocado o vagão ou quem sabe até desistiu da viagem. Eu não tenho como saber – e pensando bem nem quero saber – das suas razões. Durante esse tempo que parece muito e também parece pouco, estar dentro deste sentimento foi como estar numa longa viagem – e olha que coincidência: viajar é mesmo o que eu mais gosto de fazer na vida.

Nesse trajeto que me espera, as estações parecem não ter nome – ou fui eu, que distraída com a paisagem, nem reparei se realmente paramos alguma vez. Não importa. Quando eu chegar lá, mesmo ainda sem saber onde “lá” seja, vou lembrar de quanto a paisagem da janela era bonita; e caso você chegue junto e desça na mesma estação que eu, vou ter a sorte de te lembrar do quanto de fora da janela ela era mais bonita ainda.


26 comentários sobre “Para um amor que não seguiu viagem

  1. Não sei se te serve de consolo. Já passei por isso. Mas, curiosamente, segui voagem sozinho, durante 18 horas, no mesmo ônibus que a pessoa da qual me separei. O tédio, o ressentimento, a sensação de que o Mundo inteiro olhava pra mim.

    Frequentemente, a única coisa capaz de nos tirar o tédio é essa coisa de ter onde chegar. Dica: não queira chegar. Você vai se sentir bem por algumas horas e logo estará entediada de novo. Vá e pronto.

    Como dizia Paulo Mendes Campos: “Bebe a água sem bebê-la; vá à toda parte sem ir a parte alguma”.

    Beijos!

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