Eu vou, e vou sozinha

O avião aterrissa num lugar completamente novo pra mim. Eu observo a paisagem pela janela, enquanto penso em como será o país onde estou chegando e que tipo de experiência vou levar comigo quando for embora. Não é a primeira vez que eu viajo sozinha e por isso o cenário não me assusta: sei que o fato de nunca ter estado aqui antes só pode enriquecer a minha estadia, já que assim tenho a oportunidade de conhecer tudo do zero.

Viajar sozinha é uma das coisas que eu mais gosto de fazer e é também uma maneira inevitável de me aventurar pelo mundo e por dentro de mim mesma. É o momento perfeito para testar a minha desenvoltura, para ser mais tolerante com aquilo que é diferente do que eu estou acostumada e para aceitar o que o mundo coloca no meu caminho, seja uma situação inesperada ou uma conversa com alguém desconhecido. E apesar das expressões de espanto e dos comentários desinformados que eu recebo quando digo que vou e vou sozinha, eu sei que não tem nada de errado nisso. E nem de estranho.

Não existe uma forma certa ou errada de viajar. Existe o que você faz e o que você não faz, importando apenas que você seja responsável por essa decisão (e que esteja contente com ela). São dias de descobertas, alegrias e até frustrações; mas principalmente de momentos espontâneos e abertos. Você descobre a bondade que existe nas pessoas de todas as partes do mundo, acaba sempre encontrando um jeito para que as coisas terminem bem, aceita os imprevistos pelo caminho como uma parte natural de tudo isso e aprende a lidar e resolvê-los de maneira calma e com a autoridade de quem sabe o que está fazendo, mesmo quando nem tem tanta certeza assim. Você aprende a cuidar de si mesmo: come quando tem fome, bebe quando tem sede e descanse quando está cansado. Sem horários fixos e sem restrições.

Viajar sozinha (o) não é estranho, nem sem graça e nem quer dizer que você não tem amigos. Viajar sozinho apenas quer dizer que você sabe apreciar a sua própria companhia, que sabe (ou pretende aprender a) cuidar de si mesma (o), que quer conhecer outros lugares no seu próprio ritmo sem planos ou obrigações com outras pessoas e principalmente: que você tem vontade de ir, mesmo se for sem ninguém. No final você descobre que fazer isso pode até não mudar nada, mas querer e não fazer vai mudar muita coisa.


18 comentários sobre “Eu vou, e vou sozinha

  1. Gosto de viagens onde me sinto confortável. Ir, por exemplo, a países governados por ditadores me deixam menos à vontade. Agora gostei de algo fora do que a tua crônica diz. Existem coisas que você faz ou não faz, ponto. Isso vale pra vida, é um conceito que retira a gravidade e o moralismo certo e errado das coisas. Muito legal.

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  2. Era bem o que eu precisava ler… Sinto muita vontade de ir sozinha para vários lugares (nem que seja por fim de semana), mas o que falta é só colocar o pé na estrada! Vou usar seu post como motivação, obrigada!

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  3. Viajar só é uma experiência única. Aprender a ficar só com os pensamentos, apreciar a própria companhia – como tu mesma disse – e ir descobrindo lugares é algo que transforma a gente de um jeito inimaginável

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